sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Vem cá, deita do meu lado, fica mais um pouquinho. Me dá a sua mão, coloca o ritmo do seu coração no meu; me dá um beijinho, me traz uma rosa, uma pétala ou um carinho ou um docinho. Pode trançar os meus cabelos quando quiser, dar nó na minha cabeça, roer minhas unhas, meus sentidos, meus suspiros. Pode levar tudo pra você, se quiser levar o meu coração, pode levar também, é de graça; mas você sabe, né, meu amor já é todo seu, de qualquer jeito, você levando ou não. Vem cá, aperta minha cintura com força, desfila pelos cantos com sua silhueta bem definida, me dá mais um beijinho. Ou sussurra no meu ouvido aquela música que eu gosto, aquela mesma que nós dois escutamos juntos no seu carro uma vez e você disse que era “nossa.” Traz o “nós” de volta, faz uma visita, fica para o chá, o café, o suco ou o sorvete, qualquer coisa que você preferir. Desde que você fique, está tudo bem. Pode trazer suas malas, sua bolsa, ou seu celular ou um fio de cabelo: qualquer pedacinho que você deixe aqui, está bom para mim. Desde que você fique o suficiente para que eu queira que você vá. Desde que quando você vá, saiba que está levando tudo de mim com você, que uma hora você vai ter que voltar para devolver, para colocar de volta no lugar. Traz seus risos e a suas bochechas vermelhas, seu narizinho empinado, a voz abafada. Apóia o queixo nas mãozinhas, dá um sorriso, um sorrisão, e depois põe o sol de volta na minha janela, nas minhas manhãs sem luz. E depois vai. Vai e fica por lá, no mundo, na cidade longe, até quando sentir que é preciso voltar, que a sua outra metade te espera com os pés descalços na areia e observa as ondas que vêm e vão e vêm e vão e vêm. Volta sabendo que eu vou estar aqui.

Vem cá, deita do meu lado. Você não quer ficar um pouquinho mais dessa vez?


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